Eslovênia: enterrar os mortos - ou enterrar a verdade?

O Grupo PPE está pedindo um enterro digno para as vítimas de todos os regimes totalitários, incluindo aqueles assassinados sob o terror comunista. Hoje, o Grupo do PPE apoiou uma resolução que insta o governo renovado da Eslovênia a honrar a memória de dezenas de milhares de pessoas assassinadas pelo regime comunista iugoslavo após a Segunda Guerra Mundial.

"Esta votação é sobre verdade e dignidade, não apenas para as vítimas da Eslovênia, mas para todos que sofreram com o comunismo. Nenhuma família, nenhuma nação deveria ser forçada a esperar gerações para enterrar seus entes queridos", disse Romana Tomc, deputada do Parlamento Europeu, que liderou a iniciativa em nome do Grupo do PPE.

"A votação de hoje serve como um teste decisivo: agora veremos quem no Parlamento Europeu está ao lado das vítimas do terror comunista e quem tem dois pesos e duas medidas", acrescentou Tomc.

A eurodeputada Rasa Juknevičienė, coordenadora do grupo informal de eurodeputados sobre a memória europeia, alertou sobre os perigos de ignorar a história: "Enterrar o passado sem verdade permite que seus horrores retornem. Estamos vendo isso novamente na Ucrânia: assassinatos em massa, deportações, gulags - os mesmos crimes que pensávamos terem sido deixados para trás. O totalitarismo comunista ainda não foi totalmente condenado, seja política ou legalmente. Isso deixa a Europa exposta."

"A Europa foi construída com base em uma promessa: nunca mais. Nunca mais para valas comuns escondidas. Nunca mais às vítimas apagadas da memória. Nunca mais a crimes totalitários encobertos pelo poder", acrescentou.

O Grupo PPE critica veementemente a retórica divisionista e a obstrução processual dos que se opõem à Resolução. "Lamentamos que os grupos políticos S&D, Renew e Greens tenham se recusado a demonstrar solidariedade com aqueles que buscam justiça histórica e uma lembrança que honre as vítimas", disseram Tomc e Juknevičienė.

"Eles pregam os direitos humanos, mas politizam o enterro das vítimas do comunismo e fecham os olhos para a duplicidade de critérios quando se trata daqueles que cometeram os crimes", enfatizou Tomc.

A resolução, adotada pelo Parlamento Europeu hoje, entre outras coisas, pede que o governo esloveno, de esquerda, restabeleça o Dia da Lembrança das vítimas do comunismo, uma comemoração que foi abolida recentemente. Ela também exige uma investigação mais aprofundada dos mais de 750 locais conhecidos de valas comuns, enterro adequado para as vítimas e acesso total aos arquivos da polícia secreta da era iugoslava para que os crimes contra a humanidade possam finalmente ser descobertos e documentados.