Hélder Sousa Silva visita Brasil para conversações sobre o acordo UE-Mercosul

A importância do setor agrícola no acordo UE-Mercosul está no centro da visita que o eurodeputado Hélder Sousa Silva realizou, esta semana, ao Brasil. O português, que preside à Delegação do Parlamento Europeu para as Relações com a República Federal do Brasil (D-BR), acompanhou 11 eurodeputados da Comissão da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (AGRI) do Parlamento Europeu.

A visita serviu para aprofundar o conhecimento sobre a realidade agrícola do Brasil, de modo a estabelecerem-se pontos de negociação e de interesses comuns. Durante quatro dias, os eurodeputados reuniram-se com representantes do governo federal brasileiro, entre eles o Ministro da Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural, Paulo Teixeira, o Secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, e a Secretária-Geral do Ministério das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, e com o Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado de Goiás, Pedro Rezende. No decorrer da ação de trabalho, o grupo europeu visitou diversas explorações agrícolas, encontrou-se com agricultores brasileiros e reuniu-se com representantes da Confederação Nacional de Agricultura, para discutir as dimensões política, económica e ambiental do acordo UE-Mercosul. 

O acordo comercial com o bloco latino-americano — Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai — oferece oportunidades que, nas palavras de Hélder Sousa Silva, “a União Europeia não se pode dar ao luxo de ignorar, num contexto de tensões comerciais globais, como a deterioração das relações comerciais com os Estados Unidos”.

Estabelecendo um mercado com mais de 700 milhões de pessoas e um quarto da economia mundial, estima-se que o acordo possa aumentar as exportações anuais da União Europeia (UE) para o Mercosul até 39% (49 mil milhões de euros), apoiando mais de 440 mil postos de trabalho em toda a Europa.

O eurodeputado português afirmou que é “indispensável” a cooperação do Brasil com a UE e garantiu que o acordo do Mercosul protege todas as sensibilidades da UE no sector agrícola. Aliás, como explicou, “o único sector em que foram estabelecidas quotas foi a agricultura, com limitação das importações agroalimentares preferenciais do Mercosul a uma fração da produção da UE, por exemplo, 1,5 % para a carne de bovino e 1,3 % para as aves de capoeira”.

Do lado do Brasil, existe, igualmente, a garantia de cumprimento das obrigações ambientais e sociais, de forma a garantir que o acordo beneficie não apenas os interesses económicos, mas também o bem-estar das populações e do planeta.

Recorde-se que a UE é o 2.º maior parceiro comercial do Brasil, representando 16% do seu comércio total, e o Brasil é o 10.º parceiro comercial da UE, representando cerca de 2% das exportações do bloco europeu. A UE é o principal investidor estrangeiro no Brasil, criando empregos de qualidade em muitos setores da economia brasileira. Em 2020, o valor do investimento direto da UE no Brasil atingiu 263 mil milhões de euros, representando cerca de 49,5% do total de investimento direto estrangeiro no país.

No final da missão, Hélder Sousa Silva mostrou-se bastante satisfeito com esta ação de trabalho, que serviu para aproximar as relações entre a UE e o Brasil, afirmando que a D-BR, que preside, “pretende ser um interlocutor ativo nas relações da UE com o Brasil”.